O discurso proferido pelo Excelentíssimo Ministro da Saúde, Sr. Ricardo Barros, no dia 13.07.2017, no qual tentou transferir para o médico o problema da saúde pública, mostra-se, no mínimo, como injusto e desrespeitoso.
Afirmar que o caos da saúde pública brasileira é causado pela alegação de que os médicos não permanecem quatro horas nas unidades básicas de saúde constitui uma injustiça sem limites, sobretudo ao generalizar a toda a classe médica, além de reavivar o arcaico discurso de culpar a ponta da cadeia.
O propósito deveria ser o de buscar, de forma compartilhada, medidas efetivas para solucionar o problema que se instalou no cenário da saúde do Brasil. Mas, infelizmente, a intenção parece ser o contrário. Perde-se tempo tentando buscar um culpado, quando a obrigação do gestor maior é buscar soluções para garantir à sociedade o acesso ao serviço mais essencial de todos: saúde de qualidade.
Em suma, é com lamento que se recebe uma declaração nesses termos, sobretudo considerando que tal informação partiu daquele que possui a competência e responsabilidade maior por assegurar as condições indispensáveis para a prestação de saúde de qualidade à população.
Fica o registro do nosso pesar, do nosso repúdio e principalmente da nossa solidariedade aos profissionais da medicina que se desdobram com os parcos e insuficientes recursos para atender aos anseios de uma população cada dia mais carente e necessitada de um sistema de saúde que, de fato, seja eficaz.
Mírian Perpétua Palha Dias Parente
Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Piauí