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A SAÚDE DA MULHER NO CENÁRIO DA PANDEMIA*

*Material pesquisado em sites oficiais e não oficiais sobre o assunto na internet pelo Conselheiro Gisleno Feitosa.


​A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclarece que informar a população sobre os riscos à saúde apresentados pela COVID-19 é tão importante quanto outras medidas de proteção. Informações precisas e confiáveis permitem que pessoas tomem decisões conscientes e adotem comportamentos positivos para proteger a si e seus entes queridos de doenças como a causada pelo novo coronavírus. Informações baseadas em evidências são a melhor vacina contra os boatos e a desinformação.
​Até o momento, não há vacina nem medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a COVID-2019. As pessoas infectadas devem receber cuidados de saúde para aliviar os sintomas. Pessoas com doenças graves devem ser hospitalizadas. A maioria dos pacientes se recupera graças aos cuidados de suporte. Atualmente, estão sendo investigadas possíveis vacinas e alguns tratamentos medicamentosos específicos, com testes através de ensaios clínicos. A OMS está coordenando esforços para desenvolver vacinas e medicamentos para prevenir e tratar a COVID-19.
​As maneiras mais eficazes de proteger a si e aos outros contra a COVID-19 são limpar frequentemente as mãos, cobrir a tosse com a parte interior do cotovelo ou lenço e manter uma distância de pelo menos 1 metro das pessoas que estão tossindo ou espirrando. Lavar as mãos é ato reconhecido pela OMS como um dos principais instrumentos contra epidemias. Dados mostram que o hábito pode reduzir em até 40% a contaminação por vírus e bactérias que causam doenças como gripes, resfriados, conjuntivites e viroses. No Brasil, de acordo com dados da Anvisa, cerca de 25% das infecções registradas são causadas por microrganismos multirresistentes aqueles que se tornam imunes à ação dos antibióticos.
A recomendação de uso de máscaras (compradas ou caseiras) em larga escala tem como base a proteção coletiva, uma vez que muitas pessoas estão infectadas e ainda não apresentaram sintomas da doença. A Fiocruz reitera as orientações e instruções do Ministério da Saúde (MS) sobre confecção e lavagem de máscaras caseiras. Contudo, é importante ressaltar que o uso de máscaras caseiras pela população em geral pode causar uma falsa sensação de proteção. A Fiocruz recomenda que as pessoas façam o uso correto da máscara caseira, não a compartilhando com familiares, não tocando o rosto depois de colocá-la e fazendo a sua limpeza conforme orientação do MS, e reforça a necessidade de manutenção do isolamento social e das medidas de higiene para o combate à Covid-19. As máscaras de produção industrial do tipo N95 devem ser utilizadas pelos profissionais nos serviços de saúde, que lidam com pacientes acometidos pela Covid-19, para proteção individual.
A pandemia do novo coronavírus impacta diretamente na saúde das mulheres sendo um dos grupos mais vulneráveis visto que constituem um arcabouço injusto de desigualdades sociais, culturais, econômicas e políticas. No decorrer de décadas as mulheres sempre encontraram barreiras da assistência no sistema público de saúde seja preventiva, reprodutiva, curativa ou hospitalar principalmente aquelas em condições de extrema pobreza.
A interrupção de serviços preventivos e curativos foi evidenciada no decorrer da pandemia comprometendo em diversos aspectos a saúde da mulher. Manter o acesso a serviços essenciais como testagens, tratamentos, vacinações, exames de prevenção para câncer cervical e mamário, planejamento familiar é de extrema importância e terá reflexo nos próximos meses que sucedem a pandemia.
Não devemos esquecer que os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres permanecem vigentes durante e após pandemia do novo coronavírus.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou, recentemente a cartilha “Mulheres na Covid-19”, com orientações para as mulheres diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. A publicação é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM). O material apresenta dicas de prevenção, orientações para gestantes e lactantes, informações sobre a rede de atendimento à mulher, empreendedorismo, enfrentamento à violência, mercado de trabalho e tem acesso livre pela internet.
​Em tempos de isolamento social em consequência da pandemia do novo coronavírus, é necessário cuidar da saúde mental, pois sentir angústia, tristeza e preocupação é normal durante o período crítico que atravessamos. Lembramos que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de violência contra mulheres, com cerca de uma mulher assassinada a cada duas horas – número que, certamente, camufla uma realidade ainda mais alarmante. Eliza Toledo, do Programa Inova Fiocruz, diz que essa violência não é um fenômeno agudo, que ocorre em intervalos de tempo restritos, mas um problema crônico, de caráter histórico e estrutural. Estamos assistindo a um novo episódio desse fenômeno social e problema de saúde pública. Alerta para o fato de que o contexto de pandemia da Covid-19 tem intensificado a violência de gênero, mas não a criou. Vemos essa intensificação em função do isolamento de mulheres que se veem confinadas com parceiros agressivos, que exercem sobre elas maior controle diante da sensação de maior impunidade provocada pelo isolamento. Outros fatores agravam comportamentos de parceiros já violentos, como o uso de álcool e a situação econômica desfavorável, que abala premissas de masculinidade a partir do desemprego ou da diminuição de renda. A importância de se ver e agir sobre esses dados de forma perene é gritante e urgente. Não haverá resposta para o machismo e para a misoginia (que matam perpetuamente) se não vermos também o quanto custa à saúde física e mental de meninas e mulheres a falta de investimento em pesquisa e educação de gênero; investimento em ciência que urge nas diversas etapas de ensino e esferas sociais, para que haja a valorização de vidas humanas.
​Corroborando com o exposto acima, em 2018 o Secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que violência de gênero é pandemia global. Catalina Oquendo, jornalista colombiana publicou em El País, define, no título de sua matéria, em 6 de abril de 2020: “A violência de gênero é uma pandemia silenciosa”.

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